sábado, 16 de novembro de 2024

FUNERAL DA DONZELA

  

Enterro da poetisa

que se desfez um pouco por dia.

 

Fez-se valer o final de se ter uma Vida estarrecida,

morrendo de Amor um pouco por via,

enterrando  nesta cova de fortalecimento

os odores eternos de uma Vida Iludida.

 

A cova é grande!

Pronta de se entronchar

no solo letrado  à morte

a sina de uma desalma falecida.

 

A cova é grande!

Pronta de se entranhar

no Scott bem forte

a face da  Eugene  reproduzida.

 

Sepulta-se a poetisa do Amor,

renasce a Poeta ressuscitada na dor!

 

O lugar-comum da paixão cede espaço

aos clamores reais da humana canção.

 

A donzela da  Flor murchada

é silenciada no bradar!

 

Ouve-se, então,  o Poeta emancipado!

sem  terra... sem  cor... sem sexo...

 

No entanto....o cantar é mais amargo...

 

a pouca tinta das crianças severinas condenadas,

as bofetadas em Penhas satirizadas,

as chibatas modernas em Josés e Marias enroscadas,

as permutas injustas aos indígenas imputadas

as correntes invisíveis do racismo estruturadas.

 

Baixou-se  o pendão dos ares!

Colombo fechou suas águas,

Mas pelas frestas ainda inundam

As lonas da terra chã desapropriada.

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